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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

ESQUIZOANÁLISE E PRODUÇÃO DE VIDA

                                                                    Jorge Bichuetti

Foucault afirmou que o próximo século seria deleuzeano.
De fato, nem sempre o entendemos: a esquizoanálise se tornaria um pensamento dominante ; ou o mundo se revolucionaria , consubstanciando no seu dia-a-dia o ideário libertário da esquizoanálise.
Neste sentido, a profecia foucaultiana não se cumpriu...
Todavia, nos que existimos mergulhados neste de mundo de exploração, dominação e mistificação, encontramos no pensamento de Foucault um campo de esperança e resistência, sonho e vida nova.
A esquizoanálise nunca se pretendeu molarizar-se e encastelar nos tronos académicos ou políticos, num apogeu de triunfalismo e poder.
Ela se constitui num processo ininterrupto de invenção da invenção.
E se destina, fundamentalmente, a deter - no homem e no socius, o fascismo; ela surgiu para criar uma vida não-fascista.
Assim, brilha e faisca, é uma centelha da aurora, um voo livre nos páramos do infinito, quando delimita seu chão: o direito à diferença. Um chão florido e multicolorido, com canções e poesia, del´rios e magia...
Visa morte do ego...
A institucionalização do ego da subjetividade capitalista é uma normatização de modo de ser e existir marcado:
- pela unidade, totalização e permanência. É estabilidade e inflexibilidade...
- narcisismo - individualismo, egoísmo e egocentrismo.
- repetitivo, tende a cristalizar o mesmo;
- edípico: triangular, possessivo e excludente.
,,, Um ego da falta e castrado, fadado à angústia, e arredio ao novo.
A esquizoanálise nos percebe como movidos pelo excesso, pela produção desejante: singularidade, multiplicidade e devires.
Somos metamorfoseantes ( Orlandi)...
Dai, sua função  é alisar os instituídos e gerar espaços lisos -instuintes onde possam florir o novo, o inusitado.... Onde a impermanência floresça e frutifique nos possibilitando uma individuação que seja  no redemoinho da impermanência a invenção criativa de " uma nova terra, de um povo por-vir".
Para além, do reprimido que volta, ela nos permite bifurcar e explorar novos caminhos e novos eus.
Podemos, assim, já mergulhar no universo esquizoanalítico e ser e existir na magia da liberdade, nos encantos da ternura e na potência da solidariedade.
Uma vida, n revoluções...
N revoluções, por uma vida nova e disruptiva: vontade de potência que afirma nossas posições de desejos no território dos bons encontros sob a égide das paixões alegres.
Deleuzeemos, então, num devir fénix...

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