Jorge Bichuetti
Mergulhados na racionalidade técnica-instrumental, no mundo da lógica forma e do pragmatismo, estamos mecanicamente acostumados a pensar e a sentir como se a vida fosse um exercício de álgebra.
Não perdemos tempo, otimizama-lo; escravizando-nos ao relógio.
E usamos todo tempo útil para a produção de mercadorias e status, de entesouramentos e poderes.
O surrealismo já postulava a necessidade de nos afstar nesta servidão mercantil. Chamava-nos para o pensamento mágico, para os amores loucos, para a imaginação e o sonho como territórios do devir e dizia que somente a conjugação entre arte e revolução nos libertaria do robô repetitivo e insensível que nos tornamos sob os auspícios da subjetividade capitalística.
Há lugar na nossa vida para os sonhos?
Há espaço em nossos caminhos para a poesia?
Há tempo no nosso dia-a-dia para ócio?
Lá fora, chove e brilha um arco-íris...
Lá fora, o pôr-do-sol é um convite à doçura de um beijo e ao calor arrepiante de um abraço...
Lá fora...
Aqui, somos racionais...
Este modo de ser e existir perpetua a realidade, pois escamoteia a necessidade e possibilidade de mudança, do novo, do intempestivo e disruptivo, da impermanência e da vida metamorfoseante dos que se permitem criatividade e experimentação, bons encontros e paixões alegres.
O conceito de utopia ativa emerge para nos instrumentalizar nesta ruptura necessária...
Um sonho, um ideal, uma utopia: nossos desejos fabricando uma nova vida.
Não na contemplação de quem espera passivo os escritos das estrelas ou os alvitres do destino...
A utopia ativa é o desejo que se consubstanciando numa vontade de potência gesta dispositivos de luta. Luta pelo novo, luta desbravando na linha do horizonte oo apogeu de um novo e genuimno alvorecer...
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SEMPRE ALI ESTAREI... COM TERNURA, JORGE
Amigo Jorge, depois de uma semana fora da repetição constante e rotineira, fico a pensar O QUE MAIS PODEMOS CRIAR? É qdo percebo que a criação precisa ser constante, viva, para ter sentido e se fazer sentir... Assim, me remeto à grande Cecília...
ResponderExcluirREINVENÇÃO - Cecília Meireles
"A vida só é possível reinventada.
Anda o sol pelas campinas e passeia a mão dourada pelas águas, pelas folhas. . .
Ah! Tudo bolhas que vêm de fundas piscinas de ilusionismo... – mais nada.
Mas a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada.
Vem a lua, vem, retira as algemas dos meus braços.
Projeto-me por espaços cheios da tua Figura.
Tudo mentira! Mentira da lua, na noite escura.
Não te encontro, não te alcança...
Só - no tempo equilibrada, desprendo-me do balanço que além do tempo me leva.
Só - na trevas fico: recebida e dada.
Porque a vida, a vida, a vida, a vida só é possível reinventada."
Assim, seguimos na nossa caminhada de Reinvenção da vida, da busca, do desejar profundo e do descobrir o mundo, com as cores que podemos pintá-lo a revelia...surrealisticamente!
Bj e até a próxima semana...
Camila, você a encarnação da potência da poesia...
ResponderExcluirDe fato, me parece que não criamos, facilmente, longe das artes...
O pr´prio conceito de nômade, antes um simples errante, hoje passa pelo desejo de um viver artistico, criando, produzido, o novo...
Lhe adoro, com carinho Jorge