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quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

NO ENTRE

                                       Jorge Bichuetti

A saudade mora
no entre
a suavidade do beijo
e o silêncio do adeus...

Já a paixão,
no entre,
voa, é passarinho...
Sempre está
com um corpo pleno
de desejos,
nos rodopios do prazer,
impregnando-se com o cheiro das flores;
e com o coração
nas estrelas,
tecendo um terno diálogo
entre a voracidade do êxtase
e a serenidade de uma oração...

sábado, 22 de janeiro de 2011

UTOPIA ATIVA

                                                            Jorge Bichuetti

Mergulhados na racionalidade técnica-instrumental, no mundo da lógica forma e do pragmatismo, estamos mecanicamente acostumados a pensar e a sentir como se a vida fosse um exercício de álgebra.
Não perdemos tempo, otimizama-lo; escravizando-nos ao relógio.
E usamos todo tempo útil para a produção de mercadorias e status, de entesouramentos e poderes.
O surrealismo já postulava a necessidade de nos afstar nesta servidão mercantil. Chamava-nos para o pensamento mágico, para os amores loucos, para a imaginação e o sonho como territórios do devir e dizia que somente a conjugação entre arte e revolução nos libertaria do robô repetitivo e insensível que nos tornamos sob os auspícios da subjetividade capitalística.
Há lugar na nossa vida para os sonhos?
Há espaço em nossos caminhos para a poesia?
Há tempo no nosso dia-a-dia para ócio?
Lá fora, chove e brilha um arco-íris...
Lá fora, o pôr-do-sol é um convite à doçura de um beijo e ao calor arrepiante de um abraço...
Lá fora...
Aqui, somos racionais...
Este modo de ser e existir perpetua a realidade, pois escamoteia a necessidade e possibilidade de mudança, do novo, do intempestivo e disruptivo, da impermanência e da vida metamorfoseante dos que se permitem criatividade e experimentação, bons encontros e paixões alegres.
O conceito de utopia ativa emerge para nos instrumentalizar nesta ruptura necessária...
Um sonho, um ideal, uma utopia: nossos desejos fabricando uma nova vida.
Não na contemplação de quem espera passivo os escritos das estrelas ou os alvitres do destino...
A utopia ativa é o desejo que se consubstanciando numa vontade de potência gesta dispositivos de luta. Luta pelo novo, luta desbravando na linha do horizonte oo apogeu de um novo e genuimno alvorecer...





















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SEMPRE ALI ESTAREI... COM TERNURA, JORGE

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

ESQUIZOANÁLISE E PRODUÇÃO DE VIDA

                                                                    Jorge Bichuetti

Foucault afirmou que o próximo século seria deleuzeano.
De fato, nem sempre o entendemos: a esquizoanálise se tornaria um pensamento dominante ; ou o mundo se revolucionaria , consubstanciando no seu dia-a-dia o ideário libertário da esquizoanálise.
Neste sentido, a profecia foucaultiana não se cumpriu...
Todavia, nos que existimos mergulhados neste de mundo de exploração, dominação e mistificação, encontramos no pensamento de Foucault um campo de esperança e resistência, sonho e vida nova.
A esquizoanálise nunca se pretendeu molarizar-se e encastelar nos tronos académicos ou políticos, num apogeu de triunfalismo e poder.
Ela se constitui num processo ininterrupto de invenção da invenção.
E se destina, fundamentalmente, a deter - no homem e no socius, o fascismo; ela surgiu para criar uma vida não-fascista.
Assim, brilha e faisca, é uma centelha da aurora, um voo livre nos páramos do infinito, quando delimita seu chão: o direito à diferença. Um chão florido e multicolorido, com canções e poesia, del´rios e magia...
Visa morte do ego...
A institucionalização do ego da subjetividade capitalista é uma normatização de modo de ser e existir marcado:
- pela unidade, totalização e permanência. É estabilidade e inflexibilidade...
- narcisismo - individualismo, egoísmo e egocentrismo.
- repetitivo, tende a cristalizar o mesmo;
- edípico: triangular, possessivo e excludente.
,,, Um ego da falta e castrado, fadado à angústia, e arredio ao novo.
A esquizoanálise nos percebe como movidos pelo excesso, pela produção desejante: singularidade, multiplicidade e devires.
Somos metamorfoseantes ( Orlandi)...
Dai, sua função  é alisar os instituídos e gerar espaços lisos -instuintes onde possam florir o novo, o inusitado.... Onde a impermanência floresça e frutifique nos possibilitando uma individuação que seja  no redemoinho da impermanência a invenção criativa de " uma nova terra, de um povo por-vir".
Para além, do reprimido que volta, ela nos permite bifurcar e explorar novos caminhos e novos eus.
Podemos, assim, já mergulhar no universo esquizoanalítico e ser e existir na magia da liberdade, nos encantos da ternura e na potência da solidariedade.
Uma vida, n revoluções...
N revoluções, por uma vida nova e disruptiva: vontade de potência que afirma nossas posições de desejos no território dos bons encontros sob a égide das paixões alegres.
Deleuzeemos, então, num devir fénix...

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Diário 07.01.11

Em meio a tanto afeto que andei perdendo de vocês e de tantas palavras carinhosas, eu venho construindo a Constituição dentro de mim. Agora preciso dela para a libertação para depois começar de novo o processo de desconstrução. Acorda, senta, come, levanta, senta, estuda, levanta, come, senta, estuda, dorme. O corpo limitado de movimentos já engessado está. Ele vem gritando bem no meu meio, entre a barriga e a pubis. O meu corpo só vem aceitando o formato da cadeira, nasceram um para o outro. A mente, também, emburrecida pelas repetições não deixa se dobrar nem um pouquinho para a arte de se imaginar em outra situação, ou de deixar a arte entrar um pouquinho pra dentro de mim. Entro no carro e não quero escutar música, só notícias, o lirismo tá me escapando e eu na expectativa disso ser uma fuga.  A vida está estratificada, mas, tudo passa. Beijos a voces todos. E a propósito: quando é o nosso próximo encontro? Submergiremos? Sim (  )          Não (   )